Terça-feira, 10 de junho-(06) de 2025
Matéria do News Paraíba
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O presidente Lula na sede da Interpol, em Lyon na França: "orgulho" (Ricardo Stuckert/PR/Divulgação) |
O Brasil e a
Interpol, organização policial internacional, am declaração de intenção
para ampliar as possibilidades de colaboração e viabilizar novas operações
conjuntas. O ato foi firmado durante visita do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva à sede da instituição, nesta segunda-feira (9), em Lyon, na França.
“Uma das consequências perversas da
globalização é a articulação de grupos criminosos para além das fronteiras
nacionais. A criminalidade está evoluindo a uma velocidade sem precedentes,
exigindo ações multilaterais urgentes e coordenadas”, disse Lula, afirmando que
a cooperação policial permanecerá como prioridade da política externa
brasileira.
“Para combater o crime de forma efetiva
é preciso asfixiar seus mecanismos de financiamento, em especial a lavagem de
dinheiro. Nenhum país isoladamente conseguirá debelar a criminalidade
transnacional”, acrescentou, ao destacar políticas adotadas pelo governo atual
no combate a esses crimes.
A declaração de intenções com a
Interpol tem o intuito de:
-ampliar a cooperação por meio de
iniciativas que visam reforçar a cooperação internacional para enfrentamento do
crime organizado;
-desarticular organizações criminosas transnacionais e suas redes de apoio;
-apoiar a modernização tecnológica e institucional dos órgãos de segurança
pública no Brasil e na América Latina; e
-promover a proteção de grupos vulneráveis e os direitos humanos na atuação
policial.
Desde novembro de 2024, a Interpol é
comandada pelo delegado da Polícia Federal (PF) Valdecy Urquiza, que foi eleito
como novo Secretário-Geral da instituição que reúne 196 nações. É o primeiro
representante de um país em desenvolvimento a ocupar esse cargo nos 100 anos de
existência da Interpol.
Lula disse que é uma honra para o
Brasil e para a PF ter o brasileiro no cargo mais alto da Interpol, fruto da
credibilidade do país no combate ao crime organizado. O presidente elogiou o
trabalho e a dedicação de Urquiza. Para ele, o papel da polícia, na atualidade,
está mais complicado do que em qualquer outro momento da história.
“O crime organizado, você não enfrenta
uma simples quadrilha, você não enfrenta os simples grupos; são verdadeiras
empresas multinacionais que estão envolvidas dentro das empresas, na política,
no judiciário, no futebol, em toda parte da cultura. É como se fosse um polvo
de muitos tentáculos tentando tomar conta de tudo que é errado no mundo”,
alertou Lula.
Para Urquiza, o acordo com o Brasil
servirá de inspiração para que outros países aprofundem a integração com a
comunidade internacional. Ele também anunciou a criação de nova força tarefa
internacional, fruto do diálogo com chefes de polícia da América do Sul em
encontro realizado em Brasília, no mês ado.
De acordo com a Agência Brasil,
o foco será o enfrentamento de organizações criminosas transnacionais atuantes
na região. “A força integrada reunirá especialistas, dados de inteligência e
recursos tecnológicos da Interpol para apoiar países da região, na realização
de operações conjuntas. Nosso objetivo é claro, enfraquecer as estruturas de
comando dessas organizações, interromper seus fluxos financeiros e
responsabilizar judicialmente seus principais articuladores”, explicou o
delegado.
Crimes graves
A organização atua na apuração de
crimes como tráfico de seres humanos, exploração sexual infantil, tráfico de
drogas e armas, crimes cibernéticos e ambientais. Para Urquiza, são crimes sem
precedentes praticados por organizações poderosas.
“Esses crimes impactam profundamente
nossas comunidades, nossas economias, nossas instituições. E nenhum país está
imune, nenhum setor está a salvo. Mais do que nunca, torna-se inegociável a
necessidade de uma resposta global, coordenada e eficaz”, disse Urquiza,
destacando que a defesa do presidente Lula pelo multilateralismo também reflete
o espírito que norteia o trabalho da Interpol.
“Por meio da nossa plataforma, países
discutem as principais ameaças criminais, compartilham informações de forma
segura e planejam operações conjuntas em todo o globo. Apenas no último ano,
nossos 19 bancos de dados foram consultados mais de 8 bilhões de vezes por
agências de segurança ao redor do mundo”, afirmou.
Ele contou ainda que, na área de
combate à exploração sexual infantil, por exemplo, nos últimos anos, a
instituição resgatou mais de 48 mil vítimas e identificou mais de 18 mil
criminosos ao redor do mundo.
Durante o evento, a Interpol concedeu a
Lula medalha que reconhece sua excelência e empenho no combate ao crime
transnacional. Por sua vez, Lula condecorou Valdecy Urquiza com a Ordem de Rio
Branco no grau de Grande Oficial. A honraria foi instituída em 1963 para
distinguir serviços meritórios e virtudes cívicas, além de estimular a prática
de ações e feitos dignos de menção honrosa.
Agenda
O evento na Interpol, em Lyon, foi o
último na agenda do presidente Lula, nesta viagem à França. Os compromissos
começaram no último dia 5, quando o brasileiro foi recebido pelo presidente
francês, Emmanuel Macron. Na ocasião, foram discutidos temas como o acordo
entre Mercosul e União Europeia e assinados cerca de 20 acordos bilaterais nas
áreas de saúde, segurança pública, educação e ciência e tecnologia.
Lula também participou de eventos
culturais, no âmbito do ano do Brasil na França, foi homenageado pela Academia
sa e pela Universidade Paris 8, se reuniu com empresários, recebeu o
certificado do Brasil como país livre da febre aftosa sem vacinação e
participou de eventos da Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos.
A comitiva brasileira retorna ainda
hoje para Brasília, com previsão de chegada às 20h30.
Por: Portal News Paraíba